quinta-feira, maio 24, 2007

Ainda bem que a noite chega…

Por aí atrás de uma ilusão, que eu próprio conheci e á qual estendi a mão, cheguei perto, até perceber, quanto mais crescemos mais novos queremos parecer… o que vivi já não posso mudar e quem conheci apenas retratos perduram ou não, fugaz elemento de revisão, já não sou assim e sou eu que o revela, talvez tudo não passe de um mal entendido… conta-me uma fábula antes de adormecer e ao saíres fecha a porta sem bater, estou entregue a este mundo… se me quiseres antes da noite acabar posso dizer que é tarde para sonhar… o sol já vai alto e o sonho confirmou, abro os meus olhos e tudo está diferente e não pára de mudar, ainda bem que a noite chega….

terça-feira, maio 22, 2007

Falar sem dizer nada…

Vagueio pelas ruas da marginal entre o vento que se faz sentir, entre a geada vou, sem destino onde ir… será que namoro a lua, ou quem sabe o mar… tanta coisa já passou e eu aqui, o teu olhar faz-me um desejo de o ver, não me ignores, satisfaz o meu desejo de te tocar… Norte e Sul direcções opostas eu sei… quem foi que deu um passo falso para se encontrar, todos, claro. Ando calmamente como quem já não te tem ou nunca teve, fiz-me á estrada ao amanhecer, na deriva deixei-me ir embalado pela brisa matutina, as memórias ficaram por contar…das tristezas não quero falar…

segunda-feira, maio 21, 2007

...recordações do futuro...

... deves estar tu ai, e eu aqui... tu sentada num cadeirão, no salão escuro e sombrio rodeada de fotografias e quadros que ficaram por pendurar... eu talvez já não esteja ou não... Um quarto de hotel, uma viagem inesperada...
Relembrar o passado é algo que nos traz força ou nos derruba, mas recordar o futuro é um exercicio de imaginação no qual temos que nos colocar á prova... Há momentos da vida que nos levam a estas atitudes de reflexão, um dia não são dias e tu ondes andarás... um dia, cansada do mundo... e eu das mesmas caras e atitudes... onde andarás um dia!!!!

sexta-feira, março 16, 2007

"Tempos de hoje..."

“...agora os dias são mais intensos e longos, não estar por perto custa e estar longe doí... passos da vida que sempre esperamos, podem também desesperar-nos... é a lei possível de ser revista mas que todos aceitam, e quando assim é nada daquilo que fazemos, pensamos ou dizemos interfere no giro obediente que a mãe natureza estabeleceu desde os tempos em que ninguém se lembra, e que os que imaginam têm como solução um punhado de teorias assentes em telhados de vidro... e agora... entro neste carrocel ou caminho em sentido contrário, opção complicada, que um dia tem de passar da ideia á obra e ser tida em consideração, como rotura do sistema em que se tornaram as sociedades actuais...”

terça-feira, dezembro 19, 2006

Apontamento…

Sai para a rua abraçado á tristeza, vi o que ninguém vê e deu-me vergonha por isso… vagueio desconsolado e sinto a garganta estrangulada, não são céus nublados parece mais uma chamada da mãe natureza… A justiça está presa por ordem da malícia, o dinheiro que te salva é o mesmo que assassina. Não gosto da palavra esperança, sei que tudo são mentiras, tenho pena que se avalie a coragem na batalha… ainda bem que com armas não se matam as palavras…

terça-feira, dezembro 05, 2006

Nota solta…

Pode ser que não valha a pena escrever tão longe da poesia, todas as palavras que quero dizer se desfazem de repente, não restam flores pois arrancaram-lhe as raízes e modificaram as sementes… por vezes apercebemo-nos tarde da perda de certas coisas, pelo simples facto de pensarmos que já eram nossas… e é por isso que são necessários bares, locais onde se podem fechar feridas ou não, todas as noites nos lembramos de alguém mas esquecemos a cada dia… podemos ser loucos em busca da sobrevivência sobre a loucura da vida… parece que uma voz me diz; deixa-te levar pelo sentimento, mas se a alma te leva quando te aproximas do fim… onde tudo começa. Não acertamos as contas da vida, onde sobram sempre noites e faltam dias… podemos nos encontrar perto do fim porque é ai que tudo realmente começa….

sexta-feira, outubro 27, 2006

“Êxito: um fracasso adiado…”

Não podemos levar tudo totalmente a sério, sentindo uma coisa e fazer o seu contrário, deixar correr… temos de confiar no critério e na premissa razoável sem nada a temer do resto, lutar para obter o melhor; mas o erro também é uma solução, não aceitável mas incontestável também… o êxito talvez seja uma fracasso adiado dai a atitude não pode amainar, pois a flor da dúvida não é tão piedosa e pode abrir…
Quem disse que a coleira e um prato de ração é tudo que um cão sempre quis, quem pôs na ratoeira um queijo de primeira para apanhar o rato pelo nariz, quem oferece uma casa sem portas e janelas para tu abrires, amarrando-te também as asas… Mas como se pode viver num poleiro, sem saltar, correr e voar… tenta-se resolver o problema mas na realidade engole-se a solução. Como é fácil viver fora de uma prisão e descobrir que a tristeza tem fim, e a utópica felicidade pode resumir-se a um aperto de mão… é esse o vírus que nos contagia e sugiro que seja contrariado para que a cura da loucura seja eficaz e selectiva pois quem for teimoso morrerá na praia… pois o êxito é um fracasso adiado…

terça-feira, outubro 17, 2006

“… nos charcos…”

Aprendi nesta vida do bom e do mau, já me elevei pelos céus e arrastei-me pelo barro… com mais de um quarto de século e umas dezenas de defeitos, toquei na loucura com as pontas dos dedos… hoje vou olhando-me nos charcos, eu não preciso de espelhos, sei que sou muito mais bonito quando não me sinto feio. Nunca me interessou, nem poder, nem a fortuna o que admiro são as flores que crescem no lixo… onde está então o horizonte? assim sinto-me de alma nua… respondo: depois de romper a onda só nos resta a espuma… e vou olhando-me nos charcos, eu não preciso de espelhos…

quarta-feira, outubro 11, 2006

“O mais longe ao teu lado…”

Enquanto me aguentem os ossos quero continuar perto de ti e o mais longe ao teu lado, pois o teu olhar é como um balcão de um bar, onde sobes e eu contemplo… pintei o coração com o vermelho dos teus lábios, sei que não posso dormir por estar sempre a sonhar… no Inverno com o sol, com as nuvens no verão… e a lua é um farol ao que me abracei embriagado, acabando á procura de versos no fundo do copo… tudo o que não aprendi nunca o esquecerei, nunca perdi a razão pois também não a encontrei… enquanto me aguentem os ossos…

terça-feira, outubro 10, 2006

“Estranha sereia…”

Caminho devagar, que as pressas não são boas, passando pelas ruas onde brincam crianças… eu também queria ser, mas a guerra da vida apanhou-me, soldado/marinheiro conheci uma sereia… escolhi a mais bonita e a menos boa, sem saber de onde veio alcançou-me uma tempestade e eu que queria atravessar os oceanos para esquece-la… Há que ver a minha pontaria, não apanho uma boa… depois de um Inverno mau, uma má primavera… diz-me porque procuro uma lágrima na areia…

domingo, outubro 08, 2006

“Começar a casa pelo telhado…”

Agora sim, parece que já começo a entender, as coisas importantes aqui são as que estão detrás da pele… e tudo o resto acaba onde começam os meus pés, pois neste tempo apreendi, há coisas melhor não apreende-las… a escola disto pouco me ensinou, se é pelo livros nunca apreendo a colher o céu com as mãos… a rir e a chorar o que escrevo, a coser uma alma rota, a perder o medo de ficar como um idiota, a começar a casa pelo telhado e a poder dormir se não estás ao meu lado… ruínas, talvez por dentro esteja em ruínas, como um cigarro a queimar o tempo, tempo transformado em cinzas… raro não digo diferente mas raro, já não sei se o mundo está ao contrário ou se sou eu que estou de cabeça para baixo… disposto a começar a casa pela telhado…

quarta-feira, setembro 13, 2006

O momento chegou...

Chegou a hora de partir, não sei para onde mas tenho de o fazer. Seguro a cabeça com uma mão e olho através da janela a paisagem que me acompanhou nos maus e bons momentos, é um preço que a vida nos cobra, admito que o medo me invade mas é tarde para olhar para trás, o amanha está ai… a mágoa é agora minha alma gémea, aquilo que tinha para fazer aqui já está terminado, sei que muitas portas ficaram abertas assim como a minha mente ficou para reviver o tempo aqui passado…
Estou de partida, os traços do meu rosto contam histórias aqui vividas, mas aceito o destino leve o tempo que demorar … o amanha chega, outrora não receava o amanha hoje não digo o mesmo, desejava um espelho do qual me pudesse observar aos olhos daqueles me acompanharam nesta aventura… o amanha está ai e a mágoa é agora minha alma gémea…

sexta-feira, julho 28, 2006

Enganar o tempo…

Vamos calcular as armas, tu e eu, de braço dado nesta estrada meio deserta, não sabemos quanto tempo o cessar fogo vão durar...há vitórias e derrotas apontadas pela calada nos diários imaginários onde acumulamos as razões para lutar…Advirto os meus espectros ao virar de cada esquina, para alvoroçar a inocência, quantas vezes te odiei com medo de te amar...Vamos enganar o tempo saltar para o primeiro comboio que arrancar da estação…Para quê fazer projectos quando sai tudo ao contrário…Pode ser que, por milagre, troquemos as voltas aos deuses… Entre o caos, e o conflito a vontade e a desordem, não podemos ver ao longe, e corremos sempre o risco de ir longe demais, pois somos meros transeuntes, somos só sobreviventes com carimbos falsos nas apresentações. Vamos, é, enganar o tempo...

quinta-feira, julho 27, 2006

Estranha Balada…

Tocas as flores murchas que alguém te ofereceu, quando o rio parou de correr e a noite foi tão luminosa quanto a lua que a espreita… Procuras ansioso aquilo que o mar não devorou, e passas a língua na cola dos selos lambidos por assassinos… enquanto a tua mão segura a faca cujo fio possui a fatalidade do sangue contaminado dos amantes ocasionais… hum!!!! nada a fazer, irás sozinho vida dentro com os braços estendidos como se entrasses na água, o corpo num arco de pedra tenso simulando a casa onde me abrigo do mortal brilho do meio-dia…

Sem encontro marcado…

Perdi as chaves de mim, a caminho da estação, sozinho, tanto trambolhão, mas cá vou andando. Vou apenas andando, nas pedras do caminho traço a minha direcção, os meus olhares para a cidade são mais insónia que prazer. Vejo o tempo a dar-me a volta e a paranóia a crescer, sinto ganas de partir. Não há mesmo nada a fazer, seja feitiço ou feitio só estou bem em contínuo movimento… aqui não dá mais saturado dos salpicos de vida. E cá vou andando, vou apenas andando sem encontro marcado… Encontro quem me apetecer, pois cá vou andando…Sem encontro marcado...

sexta-feira, julho 21, 2006

Anjo sem “Asas”

Quem me cortou as asas, quem me levantou os sonhos hoje, quem se ajoelhou para me humilhar, e quem prendeu a minha alma… Quem me amarrou as mãos, amarou o desejo, matou o sorriso e sangrou os lábios da crença… não percebo como permiti que tal acontecesse… sinto-me a voar como as areias das dunas, desmoronado pelas marés, e invadido pela brisa dos amanhecer… vazia de palavras e do gesto, apenas com recordações rápidas e fugazes… intensamente vividas e talvez imortais…

A velhinha do “Restelo”

Ela despediu-se do seu amor, ele partiu num barco do cais, ele jurou que voltaria e inundada em prantos ela jurou que esperaria. Milhares de luas passaram e ela continuou ali no cais…muitas tardes se aninharam no seu cabelo e nos seus lábios, não mudou seu vestido, para o caso se ele voltasse não confundir-se. Os caranguejos mordiam suas roupas, sua tristeza e sua ilusão e o tempo se passou…e seus olhos se encheram de amanheceres, e pelo mar se apaixonou, seu corpo se enraizou no cais… sozinha, sozinha no esquecimento, com seu espírito, com o seu amor ao mar… sozinha no cais. Seu cabelo branquejou, mas nenhum barco seu amor lhe devolvia… E uma tarde de abril tentaram demove-la de tal sofrimento mas ninguém pode arrancá-la, e do mar jamais a separaram…ficou, ficou, sozinha, sozinha com o sol e com o mar, até o fim….

segunda-feira, julho 10, 2006

Solidão…

Viajo por entre o vazio dos sonhos, procuro, e não sei bem o que, não vejo nada á frente dos meus olhos e pergunto tantas vezes porque. Procuro o sonho, mas ele não existe, não quer existir… Vem o pesadelo, e nem medo tenho, só a solidão minha amiga é, tanto trambolhão, ficamos sem pé… mas depois os outros o que vão sentir? Se depois de tudo quisermos partir? Procuro o sonho, vem o pesadelo, o doce cantinho amigo, nem vê-lo. E depois sem contar vem a alegria, que ao acordar, é amiga, e nos guia….mais um problema, mais um sobressalto. Ai vem o lema do tipo descalço. Haverá descanso? Haverá repouso? O sonho de manso tornar-se-á pouco? Procuro o sonho, vem o pesadelo, doce cantinho. Amigo, nem vê-lo!!!...

sexta-feira, julho 07, 2006

As Férias…

Hoje, vou falar das férias: é o tempo delas, como é tempo das cerejas. Outra árvore dá estes frutos, e a mesma árvore os arranca; os dias as trazem até nós, os dias as levam. Neste escoar se vai o tempo, mas enquanto as férias se aproximam tudo é desejá-las, fazer projectos, embalar ilusões. Chegado o dia, temos diante de nós um espaço vazio á espera, como uma grande sala que é preciso habitar. Que vamos lá por dentro? Os dias de férias ganham de repente um valor que os outros não tiveram. São dias totalmente disponíveis, á mercê da imaginação e das posses de cada qual. O tempo desligou-se da mecânica do relógio, é uma dimensão delimitada, informe, um pedaço de barro diante das mãos que o vão modelar.
As férias são também uma obra de criação. Não espanta, portanto, que no limiar delas um súbito temor nos intimide, aquele intervalo de tempo no qual a dúvida nos invade – que iremos fazer nós com o barro do tempo? Quando elas acabarem, umas lembranças desmaiadas como um sonho antigo é o que nos restará. Nada correu como imaginamos: choveu, veio uma dor de dentes, as paisagens não eram tão belas como as fotografias delas… Tudo isto são ilusões, o mundo está visto e decorado. Ninguém descobrirá a Europa, e a estátua grega, afinal, é uma pobre cópia romana… mas que importa? Este ano vou ter umas férias diferentes, iguais àquelas de infância em que descobri uma fonte nova que ninguém conhecia, se este ano não for, será pró ano. Porque a fonte lá estará…

Pequenas coisas...

Porque há estrelas que brilham mas não se vêm? E existe gente que nunca chego a conhecer mesmo que a possa ver, são como os azuis feridos do amanhecer que se desprendem do céu, arranhando-me… há assim um universo de pequenas coisas que só despertam quando acordadas… tudo o que é belo espera o teu olhar, e o meu também, que sem ti se derrama… há atardeceres que não acabam de pôr-se e um mar inteiro resumindo-se em cada olhar. Há um universo de pequenas coisas onde me vejo a saltar de uma nuvem para outra, e uma promessa que resiste aquela dúvida, talvez deva pedir uma carícia á lua, pois existem recantos onde o sentimento se esconde. Há estrelas que brilham por ai…e lugares que nunca pude conhecer, por isso espero o sol salpicar-me com mares de pequenas coisas, e que os dias amargos tragam flores para adornar as fronteiras do meu mundo… Um olhar sussurra nas minhas costas, quando os segredos se dizem ou se calam... existem recantos onde o por do sol é mais fácil de se ver, há estrelas que brilham mas não se vêm e lugares que nunca pude conhecer…